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segunda-feira, 16 de março de 2015

Até Quando ???



 
      Soneto quase inédito
        
 
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,


Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
  

  
 
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!    

  1. José Régio
    Escritor
  2. José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, foi um escritor, poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e ... Wikipédia

  3. Nascimento: 17 de setembro de 1901, Vila do Conde
  4. Falecimento: 22 de dezembro de 1969, Vila do Conde